Mordida aberta

É uma forma de maloclusão, que vem a ser a ausência de contato dos dentes entre si quando os maxilares estiverem em repouso, pelo fato de haver uma abertura entre os incisivos, depois dos caninos, pré-molares e molares terem encostado. Afora o problema dos dentes não se tocarem, neste caso, os lábios, na maioria das vezes, também não fecham, além de parte da gengiva superior ser mostrada ao falar e ao sorrir, dando a seu portador uma aparência ruim, que levou inclusive ao surgimento pejorativo de um apelido desagradável: boca aberta. Vista de perfil, nota-se um aumento de altura na parte inferior da face, gerando um ângulo mandibular aberto demais. Os leigos confundem, pelas semelhanças, com a protrusão, que é consequência da compressão, cuja causa está relacionada à uma respiração bucal, pela dificuldade de respiração nasal e com pressão do maxilar. Estão relacionadas à hereditariedade, alteração das glândulas endócrinas, hipofunção e estrutura dos dentes, raquitismo e desenvolvimento insuficiente da mandíbula.

Para todos os casos, são feitos levantamentos radiográficos, estudos de traçados, análises cefalométricas e avaliação da ida de óssea do paciente, todos com a finalidade de proporcionar maior conhecimento do problema, correto diagnóstico para montagem do plano de tratamento e elaboração de um prognóstico, pelo qual se poderá saber como ficará o paciente depois tratado. A maioria dos tratamentos é através da utilização de aparelhos para correção de posicionamento, não só dos dentes, mas também do osso que os circunda, para que a correção seja total e definitiva. Para casos mais complexos, pelo próprio acentuado do problema ou pela época em que o profissional foi chamado a intervir, a solução pode se limitar a ser cirúrgica, ou ainda, no caso do tratamento conservador, o aparelho não apresentar o resultado esperado.

As vantagens do tratamento são não só estéticas, mas também, e principalmente, funcionais. Pela estética, muda totalmente a aparência, os dentes voltam a se tocar, os lábios fecham e, de perfil, a aparência se normaliza. A respiração tende a voltar para nasal e a justificativa do apelido desaparece. Melhora a autoestima e esta nova aceitação traz de volta o prazer para o convívio social. Do ponto de vista funcional, com o toque dos dentes incisivos, os quatro da frente, melhora a mastigação, retornando o corte inicial dos alimentos a ser feito pelos dentes da frente, que antes não se tocavam, ficando os de trás com a exclusiva função de trituração dos alimentos. A fonética se normaliza, permitindo melhor entonação e emissão de sons antes difíceis como o assobio, por exemplo. O falar e o sorrir voltam a normalidade, assim como as expressões faciais mais comuns. Na verdade, processa-se toda uma reabilitação estética, fonética e funcional, com a volta à normalidade de todas as funções.

Seu dentista, ao avaliar o caso, deverá se encarregar de indicar um ortodontista, o dentista especialista em correção dos dentes, mais apropriado para o caso. Este após estudos e medições, e de acordo com a idade do paciente, elaborará um plano de tratamento adequado. Cada caso recebe um aparelho específico, já que as anomalias não se repetem. Como as impressões digitais, cada organismo tem peculiaridades irrepetíveis e, como tal, requer uma solução diferente das demais. Quanto mais cedo identificado o problema, melhor, muito embora, fato res ligados ao crescimento e à idade óssea, façam com que existam momentos certos para iniciar o tratamento. Caso contrário, o prognóstico é diferente. Se iniciado na fase adulta, o crescimento não atuará a favor.

Escrito por Giovanni Laurienzo

Cirurgião-Dentista formado pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID). Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Associação Brasileira de Odontologia (ABO-SP). Mestrado em Ortodontia pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID). CROSP:79.786.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *